O butô teve sua origem marcada pela polêmica coreografia Kinjiki, concebida por Tatsumi Hijikata, em 1959. Na época, a dança passou a ser conhecida como ankoku butô, que pode ser traduzido como dança das trevas.
A palavra 暗黒 (ankoku) une dois ideogramas de significado difuso: 暗 (escuro/sombrio) 黒 (preto/negro) – reforçando o seu valor enquanto escuridão e total penumbra.
O termo 舞踏 (butô), por sua vez, é um neologismo que une 舞 (dança nos termos modernos) e 踏 (pisada forte), brincando com a sonoridade de pesadas passadas no chão.
Entendendo o corpo como uma cavidade profunda e infinita que guarda diversas possibilidades conhecidas e desconhecidas de movimento e gestualidade, Tatsumi Hijikata ambicionou uma dança que se libertasse dos movimentos não apenas socialmente condicionados como também sistematizados pelas demais danças.
Nesse sentido, as trevas não indicam o maligno, mas sim o oculto em meio às sombras esperando para ser revelado. Hijikata direcionou-se às debilidades, à violência e à sexualidade do corpo como gatilhos criativos.
A partir dos anos 1970, alguns fatores contribuíram para transformações na dança, como mudanças de abordagem pedagógica do próprio criador, o surgimento de grupos com novas propostas, a exotização da dança das trevas nos países ocidentais e a subsequente despolitização da arte de contracultura.
Desde então, o ankoku butô passou a ter seu teor transgressivo e marginal transformado. O termo ankoku caiu em desuso, tornando a dança conhecida apenas por butô.
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• Curso: Butô e contracultura no Japão
• Professor: Daniel Aleixo @danielrfaleixo
• Quando: 5, 12, 19 e 26 de setembro de 2023, às terças-feiras, das 20:00 às 22:00 (BR)
• Formato: 4 aulas ao vivo pelo Zoom, que serão gravadas e ficarão disponíveis por 1 semana
• Valor: R$297,00 (em até 12x) ou 7800 ienes
• Inscrições: momonoki.byinti.com (link na bio)
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